Crianças não são pequenos adultos...
Crianças não são pequenos adultos...
O impacto da radiação não é testado em crianças
Atualmente, a Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), é a organização científica responsável por estabelecer os limites de exposição para a radiação não ionizante (como os campos eletromagnéticos de celulares e micro-ondas).
A noção por parte da Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA e da Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP) de que não há efeitos à saúde decorrente da exposição à radiação eletromagnética se originou de um estudo realizado em 1980 onde se observou o efeito comportamental em 8 ratos e 5 macacos em um período de uma hora. É importante reforçar que o mesmo não levou em conta impactos de longo prazo.
Hoje em dia, a mesma Comissão Internacional de Proteção contra Radiação não Ionizante (ICNIRP) baseia sua orientação em testes feitos em manequins de teste SAR. A cabeça e o corpo do manequim são preenchidos com um líquido homogêneo. Esse líquido não representa o corpo humano, que possui dezenas de tecidos diferentes — dos olhos aos músculos e ossos —, cada um com propriedades elétricas distintas. A radiação se propaga de maneira mais uniforme através do líquido homogêneo do SAM, mas não da mesma forma através dos tecidos humanos, que variam em espessura.
O manequim de teste SAR é baseado em um homem adulto de grande porte (1,88 m de altura e 100kg), chamado de Manequim Antropomórfico Específico (SAM, na sigla em inglês). 97% da população é menor que o modelo SAM, o que significa que apenas 3% dos usuários de telefones celulares estão representados.
A ausência de testes adequados em humanos — especialmente em crianças — somada ao uso de manequins pouco representativos na avaliação de segurança, evidencia uma lacuna significativa no processo de definição dos limites de exposição à radiação eletromagnética. As diretrizes atuais, baseadas em estudos antigos, de curta duração e com amostras reduzidas, não consideram os efeitos cumulativos e de longo prazo, tampouco refletem a diversidade real dos corpos humanos. Crianças, cujos tecidos são mais sensíveis e que não correspondem ao modelo adulto padrão utilizado nos testes, permanecem particularmente vulneráveis. Diante disso, torna-se essencial reavaliar os critérios de segurança, atualizar metodologias experimentais e adotar uma abordagem mais cautelosa, transparente e orientada pela proteção da saúde humana — especialmente das gerações mais jovens.
Fontes:
Limites inadequados de exposição humana da FCC e da ICNIRP
https://icbe-emf.org/fcc-and-icnirp-limits/
O teste SAR é inadequado
https://ehtrust.org/sar-test-inadequate/